O evangelista João apresenta em seu evangelho os sete sinais que manifestam a ação de Jesus como salvador, o primeiro sinal é tão conhecida bodas de Caná e esta narrativa é colocada na liturgia da Palavra na solenidade de Nossa senhora Aparecida. Maria está em referência a Cristo como centro da narrativa onde ele, o esposo (festa de casamento) realiza a nova e definitiva aliança de Deus com a humanidade.
Jesus é apontado como o vinho necessário para haver festa, alegria e salvação àquele que dele “beber”.
Maria colocada na festa de casamento é sinal da comunidade que nasce da fé em Cristo e ela se torna a grande anfitriã e patrocinadora que oferece este vinho que é Jesus, sua fala na narrativa tem um peso grande para os que creem em Jesus: “façam o que ele mandar”.
Vejamos agora algumas partes desta ilustração iconográfica dentro do aspecto teológico-litúrgico no presbitério.
O motivo central é Jesus Cristo e está emoldurado por um arco pleno que traz um maravilhoso trabalho em gesso com ramados de feixes de trigo e cachos de uvas coloridos com detalhes em folhas de ouro.
O Cristo é um Pantocrátor que está sentado com o livro do evangelho fechado, a cor do manto é azul simbolizando a transcendência da vida divina.
Ele se encontra dentro de uma elipse onde em cada lado cresce ramos de vide (pé de uva) que saem de um único tronco; como emolduramento e cheios de frutos expressando a abundância divina em Cristo o “Vinho Novo” dado à humanidade.
O fundo do presbitério tem um formato em semicírculo formando uma espécie de pequena ábside com abóboda no alto e neste espaço estão colocados alguns elementos da criação para lembrar que nesta festa das bodas deus realizou aliança de salvação não apenas com o gênero humano, mas com toda a criação.
Bem acima na abóboda está o sol com a mão criadora do Pai que realiza no Verbo todas as coisas.
Descendo do lado direito de quem olha está a lua com a estrela da manhã alusiva à Maria como está na ladainha “estrela da manhã” e do lado esquerdo As estrelas.
De cada lado vegetações com frutos e pássaros em louvor pela festa da vida realizada em Cristo.
A frase ilustrativa é a fala de Maria no Evangelho: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Jo 2, 5.
Ao lado direito de quem observa esta arte central está o ícone de Maria, ela aponta para o centro onde está Cristo, revestida de vermelho revela sua humanidade tocada pela graça divina.
Ao lado oposto (esquerdo) está o grupo dos apóstolos em trajes bem coloridos revelando o clima festivo e alegre.
Em cada lado se veem três jarros como descreve o texto.
Ainda nesta igreja ao fundo acima da entrada da porta principal está a representação do Pentecostes como no livro dos Atos dos Apóstolos.
Reza a tradição que Maria estava com os discípulos em prece no cenáculo no dia de Pentecostes, ela ocupa o centro como Mulher orante e revestida de azul indica o divino que nela foi gerado.
Em cada lado se delineiam seis bustos dos apóstolos com o halo de luz e a chama do fogo conforme descrição no texto de Atos.
Nas duas extremidades estão escritos um verso da sequência da solenidade de Pentecostes; à esquerda de quem observa em latim: “Veni, Creator Spiritus, mentes tuorum visita, imple superna gratia, quae tu creasti pectora”. E à direita a tradução: “Vinde, Espírito Criador, visitai as almas dos vossos, enchei de graça celestial os corações que criastes!”.
Fechando esta arte se encontram dois ramos de oliveiras de onde se extrai o óleo que consagrado é usado como sinal sacramental nas celebrações do batismo, crisma, ordem e unção dos enfermos como ação do Espírito que unge e consagra.
Trabalho em acrílica sobre reboco e gesso.





