A paróquia Senhor Bom Jesus em seus sessenta anos foi agraciada com uma nova igreja matriz, sonho antigo que se realizou com uma arquitetura toda contemplada à luz do Concílio Vaticano II e na mística do texto da Transfiguração segundo o evangelista Mateus.
Esta concepção a partir do Evangelho da Transfiguração se deu pelo fato do dia do Senhor Bom Jesus ser o dia seis de agosto, festa da Transfiguração do Senhor.
A partir disto se compreende a Arte colocada em seu interior com a finalidade de unir todos os que ali entrarem ao mistério celebrado na liturgia.
Na centralidade da parede vertical em grande altura se desenrola aos pés da montanha o mistério da Transfiguração aos olhos dos discípulos que estão em um plano inferior, neste plano central se observa a obra de Deus Pai no extremo mais alto da cena aonde a mão representa o agir dele que tudo faz acontecer para a salvação da humanidade.
O círculo é geometria do movimento que nasce do centro significando perfeição, harmonia e unidade, neste caso o círculo está pela metade, pois Deus é um mistério que se revela e se esconde e inundado em luz alvejante; mistério este que não se reserva, mas se abre e se expande amando, criando, cuidando de tudo o que existe. Reza o salmo oito no versículo dois: “Como é glorioso o teu nome por toda a terra! Ele divulga teu Esplendor acima dos céus”.
De Deus emana a sua glória e sua natureza divina e isto simboliza a cor dourada, cor mais sublime, a cor incriada por Ele irradiando seu próprio mistério Divino e Santo. Modelada em mosaico que se derrama e se revela plenamente no Filho Jesus.
O Filho se apresenta no círculo completo, pois ele é a plenitude da revelação do Pai e no alto do Tabor se Transfigurou manifestando a Luz do Pai; a humanidade do Filho está repleta da divindade como em um útero Jesus está circundado da cor dourada.
As personagens bíblicas se unem ao que o Pai revela no Filho, nele está a plenitude da Lei (Moisés) e do profetismo (Elias), o texto descreve estas personagens conversando com Jesus o conteúdo desta conversa certamente é a continuidade do que o Pai revelara na primeira Aliança e que agora de forma perfeita revela no Filho: “Este é o meu Filho amado, em quem encontro o meu agrado. Ouçam-no”.
O círculo maior na cor pérola sinaliza o mistério onde o divino está contido no qual Moisés e Elias se inserem pela grandeza bíblica, por isso trajam vestes nestas mesmas cores.
Toda a cena se sobrepõe ao fundo trabalhado em cimento aparente onde o cinza predominante remete a ideia da dureza e rigidez da humanidade que precisa da luz e da vida de Deus.
O cinza em todos os seus tons é a única cor proibida nos ícones. Representa a mistura da vida com a morte, do certo com o errado, das concessões que fazemos cheios de “bons” motivos para o que é errado. É a cor da falta de coragem em decidir-se sobre algo, em tomar uma posição. É a cor da covardia, das palavras e atitudes vagas. No livro do Apocalipse Deus diz “Seja quente ou frio, mas se fordes morno eu te vomitarei de minha boca.” O cinza é a cor das coisas e pessoas mornas, e por isso é completamente posto de lado.
É sobre esta dramática descrição que a Arte emite sua luminosidade de vida e nas laterais como plano inferior é que o branco se sobrepõe sobre o cinza como descendo do mistério de Jesus Transfigurado aonde o dourado (divino) vai afugentado o caos e trevas da humanidade.
Neste plano estão os discípulos Pedro, Tiago e João convidados por Jesus a estarem com ele na Montanha Sagrada (Tabor). São eles chamados como todos os batizados a participarem da vida divina, assim eles se encontram trajando branco e dentro dos círculos na cor pérola.
Pedro tomando a palavra expressa o desejo de permanecer ali: “Senhor, é bom estarmos aqui”, estar na liturgia é bom e necessário, mas é preciso voltar à lida, ao dia a dia e permitir que a luz divina afugente as trevas do pecado presente.
Esta Arte é isenta de cores fortes ou quentes para expressar a luminosidade da Transfiguração do Senhor, porém ela está aberta em receber as cores filtradas pelos vitrais que o sol emitirá de manhã ou a tarde em alguns momentos do ano lavando a Arte com cores vivas e vibrantes.
Arte em acrílica sobre reboco.



