É estarrecedor o crescente ódio que se assiste entre as pessoas, as vinganças que se comentem e às vezes por motivos fúteis; o rancor, a agressividade, a falta de paciência, a intolerância, o desrespeito, os xingamentos parece ser o prato do dia por todos os lados da sociedade.
A Liturgia do sétimo domingo comum vem iluminar esta realidade assombrosa de rivalidades entre pessoas e vem mais uma vez indicar o caminho a que todos são chamados a percorrer que é o do aperfeiçoamento no amor.
Talvez os textos desta Liturgia tragam de novo as perguntas fundamentais: Quem sou eu? De onde vim? Para que estou nesta terra? Para onde irei?
Tais perguntas nos ajudam a compreender nosso lugar na imensa criação de Deus, não existimos por mero acaso, mas por conta do amor divino, temos uma grandeza aos “olhos” de Deus, mas temos que reconhecer nossa natureza humana repleta de fragilidades e imperfeições.
Paira em nossa vida por sobre esta terra e para além dela um grande mistério, porém há muitos indícios de que só estamos nesta terra e por um período muito breve para nosso aperfeiçoamento no amor, para buscarmos uma maturação de vida no exercício do amor entre semelhantes e este é caminho de santificação; santidade não é exclusividade para cristãos apenas.
O Livro do Levítico traz esta clareza e orientação da razão de estarmos nesta terra: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. Não tenhais no coração ódio contra o teu irmão; não procures vingança, nem guardes rancor dos teus compatriotas”.
Se entendermos a vida como mero acaso caímos em um vazio e ela se torna uma loucura dando margem à barbárie, mas se a compreendermos como dom do amor de Deus ela ganha um sentido profundo e faremos todo esforço de aperfeiçoamento para que ela tenha cada vez mais sentido e valor, e isto somente a via do amor pode oferecer.
A via do amor como aperfeiçoamento é exigente, requer voltar-se a si e perceber os entraves e obstáculos que todos trazemos e se sozinhos não conseguimos remover é preciso buscar ajuda de quem verdadeiramente poderá ajudar (direção espiritual, psicólogos (as) terapeutas etc.)
Trazemos nossa natureza bruta e porque não “animalesca” em que deixamos transparecer através de pensamentos, palavras e atitudes com tendências ao revide, desforra, vingança etc. e Jesus pedirá o caminho oposto: “Vós ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente! Eu, porem vos digo”.
O ensinamento de Jesus sobre a vida de amor exige ir além das tendências puramente humanas e aplicar um espírito de superação , um toque de amor sincero que faz a vida discorrer com mais gratuidade, com mais leveza, sem desforra ou maldade, mas com justiça sem se deixar pisar pela maldade alheia.
Não é tão simples quanto parece, pois no momento de efetuar o amor diante de uma situação que bate à porta afloram sentimentos, emoções que até nos assustam como a raiva, ódio, mágoa etc. eles estão presentes o tempo todo em nós, mas precisamos dominá-los e domá-los pelo exercício do amor.
Tal exercício vai dando cada vez mais oportunidade de alargar este caminho de vida, superando nossa rude natureza e nos aproximando do divino que é perfeito e santo.
Um exercício que como disse é exigente, não permitindo revide ou vingança: “Não enfrenteis quem é malvado”; exige gratuidade nas ações vencendo ganância e formas de tirar proveito sobre os outros: “Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto!” e o mais exigente do exercício no amor: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!”.
O amor é o único caminho de vida e salvação para todo ser humano, pois o amor é o próprio Deus e como escreve o Apóstolo Paulo: “Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?”.
Pe. Ademir Zanarelli.

