A humanidade toda vive um momento crucial com a pandemia, momento doloroso, angustiante, mas como se diz, é preciso ver e tirar o lado bom dos acontecimentos ruins, e qual seria o lado bom deste momento desolador? Dentre outros ousaria dizer que é o de despertar para verdades fundadas, abrir os olhos para a verdade da vida e sua essencialidade.
Há tempo grande parte da humanidade vive “cega”, de olhos fechados na escuridão do vazio existencial, preocupada com vaidades egocêntricas, bens supérfluos, gananciosa por poder e bens materiais, relações interesseiras e descartáveis, atitudes preconceituosas, julgadoras sem compaixão e solidariedade, etc.
Acredito que este mal viral que foi intencionalmente modificado veio para conduzir o planeta e seus habitantes para um novo período, talvez uma nova era que será a do reinado da verdade, da luz. Faz tempo que tudo está sendo direcionado a isto, muitas sujeiras, podridões, corrupções, violências, maldades, mentiras foram e estão vindo à tona; a luz da verdade divina está revelando tudo isto, as trevas estão sendo desmascaradas pela Luz de Deus.
Providencialmente nesta circunstância histórica o quarto domingo quaresmal nos apresenta no Evangelho o relato da cura do cego de nascença, profundo texto a dizer da Fé batismal que faz a pessoa “enxergar” a vida em sua essência de forma desvelada, ou seja, sem véu, sem ocultamento, sem máscaras ou superficialidades vazias.
Os tempos sombrios e escuros estão sendo destroçados pela força maior que é a Verdade iluminadora de Deus, Ele é o Pastor por excelência, Davi foi ungido como rei de Israel: “E a partir daquele dia o espírito do Senhor se apoderou de Davi”, esta unção é figurativa da verdadeira unção de Jesus como sendo o Pastor e condutor de tudo o que existe.
A Carta aos Efésios ilumina muito a reflexão quando diz: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz”, e ainda mais: “Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes, desmascarai-as”; “Mas tudo que é condenável torna-se manifesto pela luz”.
É desta forma que estamos em um momento de transição muito forte das trevas para a luz, a mentira que provoca confusão, vazio, dor, sofrimento está sendo desmascarada pela Verdade de Deus; o planeta saturado do vazio do capitalismo, das mazelas pela ganância do dinheiro e poder gerando dor, fome, miséria, doença, desemprego etc. agora grita por verdade, iluminação, olhos abertos, vida com sentido.
É hora de abrir os olhos, ver a vida de outra forma, reinventá-la, reprogramá-la; é hora de despertar como exorta a Carta aos Efésios: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá”.
As quarentenas, os recolhimentos, fechamentos inclusive das igrejas (religiões) se tornam este momento de cada um recolher-se dentro de si mesmo e ver o que de cegueira, escuridão impede de fazer a vida valer a pena, o que de importante realmente é preciso recuperar e preservar, não se sustenta mais a materialidade voraz, o vazio da superficialidade em tudo, a mentira do que não se é ou se faz.
Jesus no encontro com o cego de nascença diz: “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo”; e todos nascem nesta cegueira, é preciso caminhar em busca da luz (Educação, Espiritualidade, Misericórdia, Compaixão, Solidariedade, Bondade, Justiça, Verdade).
Fato é que a humanidade passa pelo crivo do julgamento diante da Verdade Divina: “Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem, vejam, e os que veem se tornem cegos”.
Posicionemo-nos, portanto, neste momento suplicando e pondo-nos em busca como o cego do Evangelho: “Só sei que eu era cego e agora vejo”.
Pe. Ademir Zanarelli.

