Uma das iconografias mais antigas a cerca de Cristo encontradas nas catacumbas do século III e IV está a figura de Cristo, o Bom Pastor. Uma espiritualidade já desenvolvida em torno do Bom Pastor na esperança de que Ele conduz à eternidade os que são perseguidos por professarem a Fé cristã e a testemunham até o derramamento de sangue (martírio).
O tema sobre o Bom Pastor se desenvolve com força no capítulo dez do Evangelho de João, capítulo que se tornou inspirador desde as primeiras comunidades passando por gerações e gerações de cristãos trazendo alento, conforto e esperança no desafiador caminho da vida.
Neste sentido o Salmo 23(22) também é inspirador para a espiritualidade no Senhor que conduz com sua voz pelos caminhos perigosos da vida: “Ainda que eu caminhe por vale tenebroso, não temerei mal nenhum, porque tu estás junto a mim; teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo” (Sl 23(22), 4).
A arte representa, pois Jesus sendo o verdadeiro Pastor que tem em si a voz do Pai a conduzir no amor, sua postura em pé demonstra atenção e ação de cuidado; a ovelha em seu colo expressa compaixão, afeto, carinho e misericórdia pela criatura que escuta sua voz: “Ele chama cada uma de suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora; e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10, 3b – 4).
Suas vestes são de luz, o manto branco é o sinal da vida nova que o Ressuscitado traz, Cristo apresenta nas mãos e nos pés as chagas de seu sofrimento, pois é no mistério da cruz representada no halo dourado em cor vermelha que Ele nos conduziu definitivamente para a eternidade.
A chaga do coração incide sobre a ovelha ao mesmo tempo em que simboliza o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é uma forma de simbiose pela compaixão divina diante das feridas, dores e enfermidades humanas.
As cores de fundo são térreas significando o mistério de sua Encarnação assumindo nossa humanidade, pisando nosso chão, nossa história para nela nos conduzir à vida.
O Cristo é, pois, o Bom Pastor que dá sua vida por suas ovelhas e as conduz de forma que o cajado em sua mão representa este cuidado em conduzir à vida.
Trabalho em acrílica sobre tela, medindo 80 x 1.45.
Ademir Zanarelli.
