Mistagogia da Arte

Após a Arte Litúrgica realizada na capela da casa de acolhida aos padres na Comunidade Sagrada Família no município de Limeira SP, área rural, surgiu a ideia de aplicar duas artes com temáticas pertinentes à vocação e ministério sacerdotal nos dois espaços de entradas para os quartos na casa.

Ao entrar pela porta central dirigindo-se aos quartos no lado esquerdo pode se ver a arte representativa referente à vocação do Profeta Isaías.

A narrativa se encontra em Isaías capítulo seis dos versículos 1 ao treze, resumidamente  o Profeta tem a visão do Senhor sentado em um trono alto e elevado e acima dele estavam os serafins que clamavam como em coro: “Santo, santo, Santo é Javé dos exércitos! A sua glória enche toda a terra”.

Neste instante os batentes das portas tremeram e o Templo encheu-se de fumaça. Diante desta manifestação o Profeta diz: “Ai de mim, estou perdido! Sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros, e meus olhos viram o Rei, Javé dos exércitos”.

Dito isto um dos serafins voou até onde estava o Profeta trazendo na mão uma brasa tirada do altar e com a brasa tocou nos lábios de Isaías dizendo: “Veja, isto aqui tocou seus lábios: sua culpa foi removida, seu pecado foi perdoado”.

O Profeta ouve ainda: “Quem é que vou enviar? Quem irá por nós?” e o Profeta responde: “Aqui estou. Envia-me!” e o texto segue em seus versículos.

Esta breve narrativa chama a atenção e assim está apresentada na arte. A vocação de Isaías é na verdade uma consagração a Javé para viver seu ministério profético em proclamar e ser voz da fala de Deus.

Nesta consagração está a purificação dos seus lábios para ser coerente e reto ao conteúdo que deverá proclamar que é a Palavra de Deus.

O ministério sacerdotal em sua consagração requer também uma constante purificação não só dos lábios, mas também do coração para dignamente proclamar a Palavra de Deus.

Quando na Liturgia o diácono pede a benção ao presidente (padre ou bispo) ou o padre ao bispo quando este preside, a benção contém este teor: “O Senhor esteja em teus lábios e em teu coração para proclamar dignamente o Santo Evangelho”.

Ao lado oposto desta arte, lado direito de quem entra pela porta central está a arte representativa de Jesus na Sinagoga de Nazaré.

Recordando a narrativa, Jesus se dirige a Nazaré onde havia sido criado e em um sábado se dirige à Sinagoga como era seu costume. Levantou-se para fazer a leitura e a ele foi dado o livro do Profeta Isaías.

Ao abrir o rolo do livro encontrou o texto que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me para anunciar a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, para dar liberdade aos oprimidos, e para anunciar o ano da graça do senhor”.

Encontramos esta narrativa no Evangelho de Lucas capítulo quatro versículos de dezesseis a dezenove.

Este texto é muito usado em ordenações, como também no envio de missionários (as). Na arte oposta está a vocação do Profeta Isaías chamado para proclamar as maravilhas de Deus e nesta arte é o próprio Jesus quem proclama na Sinagoga um texto de Isaías no capítulo sessenta e um, versículos de um  a dois.

O próprio Jesus em sua Encarnação e em sua Missão realiza, faz acontecer o que proclamou o Profeta antes que o Messias chegasse.

Jesus realiza em vida e ato todo o conteúdo proclamado pelo Profeta. Isto recorda a todos os que se consagram ao ministério da Palavra no tocante ao sacramento da Ordem (Diáconos, Presbíteros e Epíscopos) a não somente se contentarem em proclamar com os lábios no momento da Liturgia, mas tornar a própria vida uma proclamação do conteúdo expresso na referida arte.

Consagrados para anunciar Boa Nova aos pobres, libertação aos presos, recuperação da vista aos cegos, liberdade aos oprimidos e o ano da graça do Senhor.

                                                       Ademir Zanarelli.

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