A Força da Palavra

Uma das coisas nocivas a qualquer ser humano é a estagnação em todos os sentidos como no conhecimento, cultura, relacionamento, profissão, espiritualidade, mentalidade, bens materiais etc.

No universo ou multiverso como se afirmam tudo está em constante fluir e, por conseguinte em constante evolução, nada do que existe é estático tanto que a vida é muito breve e nós humanos estamos neste processo evolutivo, é fundamental que estejamos abertos e sempre em busca deste fluir superando sempre o momento presente, o que já foi, foi e não volta mais.

O segundo domingo desta Quaresma nos convida a subir ao monte (Tabor) com Jesus e nos deixar transfigurar com Ele, transfigurar é decidir ir além da “figura”, ou seja, ir além de cada momento ou fase da vida, ir além de conhecimentos que se esgotaram e não condizem mais, ir além de mentalidades rígidas e dos apegos a elas, ir além de relacionamentos negativos ou que fazem mal, ir além de dogmatismos e crenças humanas que já não dialogam mais com o ritmo de vida e com as pessoas que evoluem na fé, no espírito, ir além de uma espiritualidade tacanha ou mesquinha que só se restringe em negociações com Deus diante dos dilemas da vida ou que se restringe a cumprimento de normas e regras canônicas.

Os tempos pós-modernos em que vivemos sinalizam claramente que tudo o que foi concebido de forma rígida, supostamente sólida e “eterna” estão a ruir ou desmoronar e não é pela maldade humana, mas é força divina que tudo conduz à verdade e ao essencial que é a vida despojada de tantos aparatos falsos, de tantas superficialidades; vida que foi e ainda está sendo escondida por falsas crenças, ideologias mesquinhas e interesseiras.

O forte apelo que a Transfiguração de Cristo nos faz é do desapego, não há evolução, transformação, não há como reciclar energias e a própria vida se não houver desapegos e por se a caminho ainda que incertos ou sem saber para onde, exemplo disso é o caminho pela fé de Abraão: “Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu vou te mostrar”.

Parece um acontecimento corriqueiro imaginar Abraão pegar as “trochas” e por o pé na estrada, mas esta imagem contém desafios e tensões muito fortes; não é fácil pra muita gente desapegar-se de coisas ou bens materiais, pessoas, pensamentos programados, mentalidades conservadoras, cargos ou funções e livremente seguir caminhos novos com mais leveza e liberdade de espírito, mas quando o coração grita forte por mudança, evolução e não se encaixa mais em padrões obsoletos, em coisas ou estruturas que não dão mais resultados é necessário romper, sair, desapegar e deixar-se iluminar por uma realidade ou expressão de vida nova, nem que a maioria não compreenda ou se escandalize o que dirá ser sinal de apego ou processo ainda não realizado de evolução ou libertação.

Jesus Cristo é o mistério de Deus no meio de nós, pena que acabamos muitas vezes por “enquadrar” ou limitar Jesus segundo nossos apegos e estagnações humanas, mas Jesus é presença do desígnio e graça de Deus com finalidade de nos iluminar para a evolução como se encontra na Carta de Paulo a Timóteo: “Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho”.

Deus é muito mais do que podemos viver, sentir, imaginar, conceber, formular, dogmatizar, Ele através do Filho Jesus exerce uma atração a todos e tudo para que desfrutem de sua glória e de sua Vida com suavidade, leveza e encantamento, assim o Evangelho assinala como sendo a voz do Pai: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado”.

Quem permanecer na estagnação da vida e não desapegar-se e por se a caminho por novo rumo e subir ao “monte” vai ruir, vai adoecer, vai perecer pelas consequências.

Pe. Ademir Zanarelli.

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